
Aristides de Sousa Mendes
Nome: Aristides de Sousa Mendes
Nascimento: 19 de julho de 1885
Falecimento: 3 de abril de 1954
Nacionalidade: Português
Diplomata e político português, filho de Maria Angelina Ribeiro de Abranches e do desembargador José de Sousa Mendes, nasceu a 19 de julho de 1885 em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, distrito de Viseu.
Estudou Direito na Universidade de Coimbra e, tal como o seu gémeo César, após a licenciatura em 1907, acabou por seguir a carreira diplomática.
Em 12 de maio de 1910 foi nomeado Cônsul de 2ª Classe na Guiana Britânica, mudando-se posteriormente para Zanzibar onde conquistou grande prestígio. Aqui, juntamente com Angelina de Sousa Mendes, a sua esposa e mãe dos seus 14 filhos, sofreu problemas de saúde agravados sobretudo pelo clima de malária desta região africana. Por isso, pediu diversas vezes para ser transferido e finalmente o seu desejo concretizou-se em fevereiro de 1918, quando foi nomeado para o mesmo cargo em Curitiba, Brasil.
Nesse mesmo ano, em plena ditadura de Sidónio Pais, foi promovido a cônsul de 1.ª classe. Pelas suas convicções monarquistas e anti republicanas, porém, as suas funções seriam suspensas em 1919 - foi colocado em estado de disponibilidade por despacho ministerial, situação que em geral significava inatividade ou, eventualmente, afetação a serviço irregular. o que sempre significou uma perda significativa de ganhos.
Em meados de 1921, ele foi convidado a dirigir temporariamente o consulado em San Francisco, Califórnia. Os dois anos aqui passados vão contribuir, dado o alto custo de vida nos Estados Unidos e ao mesmo tempo a redução salarial a que foi exposto, para a sua precária situação financeira. Mais uma vez foi convidado a voltar ao Brasil, até que em 1926 uma ordem obrigou-o a retornar a Lisboa para servir na Direção Geral de Comércio e Assuntos Consulares.

Com o golpe de 28 de maio de 1926, Sousa Mendes foi nomeado cônsul em Vigo. Apoiou e serviu o regime ditatorial desde o início e recebeu vários elogios de Salazar. No entanto, com o afastamento do irmão do cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sousa Mendes mostrou-se revoltado com o governo, não compreendendo a "duplicidade, deslealdade e intriga que caracterizavam o funcionamento interno do Palácio das Necessidades".
Entre 1931 e 1938 foi cônsul em Antuérpia, após ser transferido contra a sua vontade para Bordeaux. No entanto, foi através desta transferência que Aristides de Sousa Mendes desempenhou o papel público mais importante da sua vida. À medida que o nazismo crescia na Europa, crescia também o número de refugiados, especialmente judeus. Muitos deles escolheram Bordeaux, então sob o governo de Vichy, como destino temporário.
Ali, contrariando as instruções formais recebidas, Sousa Mendes concedeu milhares de vistos (estima-se que sejam cerca de 30.000) a judeus que tentavam escapar ao extermínio nazi. Chegou mesmo a acolher os refugiados na sua casa em Bordeaux e na sua residência em Cabanas de Viriato. Estas atitudes desagradaram muito Salazar, que o demitiu em 1940.
Sousa Mendes ainda recorreu ao Supremo Tribunal Administrativo e à Assembleia Nacional, mas sem sucesso. No entanto, uma estátua foi erguida para ele em Bordeaux em 1994.
Em 1949, Aristides de Sousa Mendes, sem a mulher, falecida no ano anterior, e sem os filhos, maioritariamente emigrantes nos Estados Unidos, casaria com Andrée, com quem teve uma filha. Faleceu finalmente a 3 de abril de 1954 no Hospital da Ordem Terceira de Lisboa, sozinho e com enormes dificuldades financeiras.
Após a sua morte, sua propriedade foi vendida em hasta pública para saldar suas dívidas. Da sua casa só restaram as paredes, que, à mercê de estranhos, serviram ao longo dos anos para abrigar animais.